quinta-feira, 16 de junho de 2011

O sonho

Não havia nada em volta. Parecia que eu estava na mais absoluta escuridão; porém eu conseguia enxergar meu corpo nitidamente — um pequeno corpo de criança. Aos poucos, pequenas estrelas brancas e azuladas começaram a se revelar por todos os lados. Eu, sem chão, flutuava pelo meio delas.

As estrelas, da mesma maneira como apareceram, começaram a sumir. Lentamente, o incoerente escuro outra vez se impôs. Quando já não havia em mim expectativa de ver mais nada, surgiu repentinamente um monstruoso ser vermelho. Amedrontava-me sua expressão, ao mesmo tempo descarnada e jocosa; o resto de seu estranho corpo exibia seu tamanho assustador. Aproximava-se, afastava-se, orbitava a meu redor cada vez com mais velocidade e desordem. Eu via pedaços do seu corpo e de sua face — o monstro parecia estar rindo.

Acordei apavorado. Depois de algum tempo sem reação, impressionado com as imagens frescas na memória, juntei coragem para me levantar. Fui ao quarto dos meus pais e os acordei pedindo-lhes para dormir junto deles.

— Tive um sonho ruim. — disse eu envergonhado, olhando para o chão.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Prisão

Os guardas saíram correndo! Fiquei sozinho aqui: o prisioneiro e a prisão escancarada. Não consigo me mover… Basta levantar-me e sair andando. Mas ainda estou aqui. O que me paralisa? A luz do sol não cegará meus olhos. Não serei perseguido. Posso voltar para a terra de onde parti. Está tudo pronto. Basta levantar-me e sair andando… Mas não me movo. Minhas pernas não se mexem.

Olho para as paredes escuras e úmidas. Ouço o fogo destruindo as plantações ― a fumaça começa a irritar meus olhos. Levanto-me… Um sono irresistível apodera-se de mim. Sento-me novamente. Deito-me. Fecho meus olhos. Durmo…

Desorientação

Estava completamente escuro, e ele, em pé, sem entender aquela situação, estava muito assustado. Não havia meio nenhum para se orientar. Mário não sabia onde estava, mas sabia que precisava andar, sair dali, chegar a seu destino. Ameaçou dar alguns passos, mas não se moveu. Sabia que não poderia andar daquele jeito por muito tempo sem ver o caminho; tinha medo. Pensou que talvez a solução fosse guiar-se pelo tato das mãos. Tentou encostar em algo, numa parede, num móvel, numa árvore, mas não encontrou nada em seu pequeno círculo de alcance. Agachou-se, tentando se orientar com as mãos no chão, mas o chão que sentiu, de um lodo quase líquido, sem consistência, apenas contribuiu para confundi-lo ainda mais sobre a situação em que se encontrava.

Levantou-se limpando as mãos na roupa, fechou os olhos e começou a se perguntar o que estava acontecendo? Como haveria de descobrir qual a direção certa para seguir? “Não sei para onde estou indo! Nem mesmo sei onde quero chegar!”

Nesse momento, alguma luz longínqua foi acesa, e então foi possível distinguir vagamente o largo caminho dos pequenos obstáculos.

— Alguém está aí?! — gritou ele.

Ninguém lhe respondeu.